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O Desafio das Siglas para Igreja Episcopal


O desafio das siglas


Por Dermi Azevêdo*


Dermi AzevedoUma leitura atenta da do informativo da IEAB- Estandarte Cristão- indica um grande desafio: a transformação conceitual e prática das siglas em ações evangelizadoras e transformadoras da sociedade. A escolha de uma sigla é o ato de geração de uma referência permanente, tanto para as instituições, quanto para seus usuários individuais. Na edição Nº. 1817, de janeiro – fevereiro deste ano, pode– se identificar 12 siglas relativas às mais diversas áreas de atuação da igreja.


Estandarte Cristão informativo da Igreja Episcopal


Se nós fossemos colocar essas siglas numa ordem de prioridade, em termos de sua implementação teórica e prática, possivelmente adotaríamos a sigla IEAB. É evidente essa escolha, porque é na igreja que se constrói a comunidade cristã, não de forma excludente. Em outro nível, mais universal, quando íamos destacar a sigla /nome do Conselho Mundial de Igrejas, que reforça a dimensão ecumênica de nosso trabalho. De outra parte, se priorizássemos em primeiro lugar as siglas específicas como RPPN, IARCA, SAET, e DARJ, aí sim correríamos o risco de valorizar mais a parte do que o todo: o singular em vez do plural.


É interessante observar como as siglas servem tanto para mostrar como para escolher. Quando escolhemos uma sigla muito longa, certamente não estamos contribuindo para que ela se torne conhecida. No campo religioso, predomina o uso de siglas que escondem a realidade. Por exemplo, quem imaginar que o Instituto das Obras e Religião (IOR), de Roma, é uma organização voltada para a tarefa evangelizadora, ficará surpreso quando souber que o IOR é o banco do governo católico romano e que age como todos os bancos do mundo, isto é, ganhando mais-valia, com o dinheiro dos seus usuários.


Siglas


É bom lembra que o IOR esteve envolvido nos anos 80-90 no escândalo da lavagem de dinheiro que envolveu também o Banco Ambrosiano e a Loja P-2, tendo levado inclusive à morte, o banqueiro Roberto Calvin, enforcado na Torre de Londres. O arcebispo Paul Marcincus, um dos principais colaboradores do papa, foi justamente condenado pela justiça italiana, teve que se esconder no minúsculo espaço do Vaticano para não correr o risco de ser preso pelas autoridades italianas.


A proposta deste artigo é a de provocar, nos irmãos e irmãs da Igreja Anglicana, uma reflexão sobre o conteúdo patente e latente das siglas. Essas referências discursivas devem servir sempre para projetar dentro e fora das igrejas a pessoa de Jesus Cristo libertador.  Será que estamos vivendo assim essa realidade? Será que as siglas não nos absorveram e nos engessaram, na vivência cotidiana da nossa fé?


A linguagem de Jesus é muito transparente. Ele perguntou: “o sábado foi feito para o homem ou o homem para o sábado?”


* Dermi Azevedo é jornalista, cientísta político, articulador da Desmond Tutu e membro da Paróquia da Santíssima Trindade. Email: dermi508@gmail.com