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Manifestação Estudantil nas Ruas em torno da Universidade Mackenzie: Um Protesto de não Protestantes!


Manifestação contra a Homofobia nas Ruas de Higienópolis (quarta-feira-24/11)


“Defender a igualdade sempre que a diferença gerar inferioridade e defender a diferença sempre que a igualdade implicar em descaracterização” (Boaventura de Sousa Santos)


Integridade- Paróquia da Santíssima Trindade


 


Em respostas as agressões homofóbicas ocorridas em São Paulo, um grupo de estudantes de universidades distintas convocaram, através do Facebook,  uma manifestação junto aos portões da Unviersidade Mackenzie situada na Rua Itambé, no tradicional bairro de Higienópolis.


Manifesto contra Homofobia Mackenzie


O Ato foi dirigido contra a carta do Chanceler do Mackenzie, Reverendo Augustus Nicodemus, que publicou no site da Unviersidade um pronunciamento contra a Lei que criminaliza a Homofobia. Muitos estudantes e pais de alunos da própria Universidade  lamentaram o fato ocorrido.  


 Reverendo Augustus Nicodemus  



Segundo o manifesto publicado por esses jovens e distribuido entre os presentes na manifestação afirma:


"O que nos une é a indignação com o posicionamento de uma universidade - que em teoria estimula a livre produção de conhecimento o acesso a diferentes universos, a crítica e a produção científica- assumindo uma posição tão conservadora quanto reacionária (...) em contraposição ao que muitos desinformados estão disseminando por aí, esse ato não visa a imposição da cultura homossexual. Não queremos a simpatia das pessoas, afinal ninguém é obrigado a gostar de ninguém. É apenas uma questão de respeito e de igualdade (...) é um protesto que surge de baixo, das pessoas comuns do cotidiano, que finalmente têm a chance de se reunir, gritar e protestar. Porque a homofobia não é crime? Porque eu tenho que sofrer, ser agredido na rua apenas por ser quem eu sou? (...) E  CHAMO A TODOS PARA UM GRITO, PARA PROTESTAR, PARA SE MOSTRAR VISÍVEIS E COMBATENTES DA DIGNIDADE HUMANA. Somos pessoas íntegras, buscando preservar nossa integridade".  


Manifesto contra Homofobia Mackenzie


Estiveram presente aproximadamente 600 pessoas com cartazes, apitos e faixas. Como todo protesto ouvia-se palavras de ordem e até alguns discursos mais inflamados. Mesmo assim, prevaleceu um clima tranquilo com uma "santa indignação".


Manifestação contra Homofobia Mackenzie


Uma das jovens estudantes presentes se denominou integrante de um grupo chamado Evangélicos pela Justiça (EPJ) e lembrou a grande contradição vivida pela universidade por causa da origem protestante.  Essa jovem afirmou que no passado os protestantes estiveram a frente de seu tempo e puderam criar espaços mais abertos e acolhedores. Eles sabiam o que era sofrer o preconceito, a exclusão e a intolerância. Buscavam em seus países a liberdade e o respeito diante do monopólio do sagrado e do saber representado apenas por uma Instituição.


Alguns movimentos que lutam pela dignidade e a cidadania de homossexuais estiveram também levantando seus pronunciamentos e protestos.


Reverendo Arthur Cavalcante



O Reverendo Arthur Cavalcante esteve presente ao Ato em solidariedade e apoio a manifestação daqueles estudantes. Ele lembrou em seu pronunciamento que a Paróquia da Trindade está localizada no centro de São Paulo e também se preocupa com o clima de hostilidade. Ele afirmou que  


"Deus jamais compactua com a injustiça e quaisquer formas de violência. Nenhum trecho dos Evangelhos, se vê Jesus Cristo condenando os homossexuais ou fazendo pronunciamentos de terror contra o próximo. Contudo será necessário nessa luta contra a injustiça, a união de todos e inclusive o apoio das Religiões. Nenhuma religião é um bloco monolítico onde todos pensam da mesma maneira, nem todos pregam a homofobia, a violência, a injustiça. Para que uma Lei contra homofobia seja aprovada será preciso o apoio de todos, inclusive das religiões. Precisamos dialogar sempre que for possível com os movimentos sociais afim de avançar nos direitos humanos. O diálogo deverá ser estabelecido entre ambos, Religiões e Movimentos. A laicidade deverá ser um alvo de todos, mas o laicismo agressivo e intolerante não é um caminho inteligente e nem libertador! Todos sairemos perdendo!"


A Paróquia da Santíssima Trindade recebeu na terça-feira (23.11) uma denuncia de um estudante que algumas igrejas estavam se articulando para uma reação contrária a manifestação estudantil. Preocupado com o possível clima que poderia se instalar, o Coordenador dos Direitos Humanos Desmond Tutu, o jornalista Dermi Azevedo contactou com a Polícia Militar de São Paulo para alertar sobre a segurança dos manifestantes. 


 Veja também as matérias sobre esse assunto: 


Revista Veja São Paulo


Reportagem do Diretório do PT São Paulo


Até quando, SENHOR, clamarei eu, e tu não me escutarás? Gritar-te-ei: Violência! E não salvarás?